17 de janeiro de 2012

"Na loja toda, o ano inteiro!"

A MJ é moça de muito (e bom) alimento... só na hora de ir ao supermercado é que a coisa fica preta. Não gosto nem um bocadinho de me passear em corredores atulhados de produtos e de pessoas e odeio carregar sacos. E nem vale a pena falarem-me em compras pela internet porque se aqui a princesa anda sempre à caça de produtos de marca branca, está-se mesmo a ver que não vai dar balúrdios para alguém trazer as comprinhas a casa por ela. Para sofrer o mínimo possível, costumo vaguear pelo supermercado com os phones nos ouvidos (é uma teoria absolutamente espectacular mas muito falível que eu tenho sobre ocupar a cabeça com música). Quando isso não acontece (tipo hoje, que a bateria do “bicho” do meu mp3 morreu) há uma certa invasão auditiva que nem sempre me deixa muito contente: "...de Janeiro a Janeiro, o preço é baixo...". O supermercado onde a cachopa vai, para além de ter uma banda sonora péssima, é recheado de contrastes, qual espelho do país. De um lado, mães de longos cabelos loiros, acabadas de sair do spa mais próximo, repreendem “suavemente” os filhos “Carlota, não aborreça o seu irmão. Martim, querido, vá lá buscar cinco maçãs encarnadas à mamã”. Do outro, mães que puxam trelas… dos filhos e os ameaçam de uma forma tão agressiva que até eu (e talvez todo o supermercado) me ponho em sentido (não estou a brincar… eu vi mesmo uma criança a ser puxada por uma trela, ligada a uma espécie de colete)!


Outro dos momentos que me consegue tirar do sério é a fila nas caixas. Eu sei que sou uma pessoa particularmente impaciente… e hoje fui aos arames. A senhora à minha frente, no alto dos seus 60 anos, colocou agilmente os produtos nos sacos. Na hora de pagar informa a senhora da caixa que não tem aquele dinheiro e que teria de tirar uma ou duas coisas. Eu já estava a preparar-me para dar uma ajudinha, porque no dito supermercado que eu frequento também há mães que atravessam a estrada para pedirem uma moeda no parque de estacionamento e depois pagam o iogurte que vão dar ao filho. A minha intenção foi por água abaixo quando a senhora começa a tirar camarões, pudins, vernizes, saladas pré-lavadas. Sim, aqueles bens de 5ª necessidade que todas as pessoas gostam e devem adquirir… quando podem! As anulações foram feitas uma a uma. Á quarta anulação, MJ e os seus nervos em franja mudaram de caixa... 


MJ.

2 comentários:

  1. MJ: já reparaste que se tivesses a música nos ouvidos não tinhas material para esta crónica magnifica... O sistema de trela para alguns seria boa solução, mas admito que não é o mais correcto embora na minha imaginação, bastante engraçado. A pobre senhora esqueceu-se do dinheiro em casa, não podes ser tão insensível :p
    Mais um retrato fiel da sociedade portuguesa... gostei :)

    ResponderExcluir
  2. Sérgio: pois é! A trela é muito engraçada na teoria... quando vês dá mesmo vontade de a tirar do filho e pôr na mãe. Quanto à senhora... ela tinha cartão de crédito e um talão com o extracto da conta, que foi onde ela confirmou que o pudim tinha de ficar! Eu não sou assim tão insensível... isto é o que a cirurgia faz a uma pessoa :)

    ResponderExcluir