27 de novembro de 2011

Blanc, blanco, bianco… branco!


Depois do post de ontem, alguns de vocês devem estar a pensar “Lá vai a cachopa continuar a falar da Guarda (e merecia porque sopra hoje 812 velas), desta vez associando o manto branco com que esta se deixa cobrir quando o frio aperta”. Desenganem-se os leitores com dotes de adivinhação porque hoje não há neve para ninguém e vamos retomar os episódios da minha vida de projecto de médica.

Falando brevemente na composição do projecto, que é como quem diz, na estrutura do curso, importante será fazer algumas divisões:
       - Pré-curso ou o “Ó meu Deus, será que a média chega”
       - Primeiros três anos do curso ou “Estou farta de Anatomia, Bioquímica, Farmacologia… só quero que o quarto ano chegue!”
       - Anos números quatro e cinco ou “Cheguei ao hospital e agora quero assistir ao máximo de cirurgias, mexer, fazer, conhecer e experimentar… e que estes anos durem porque não quero ir para o sexto!
       - Sexto ano ou “O medo, o pânico, o horror… acabaram-se os anos gloriosos de estudante e “marra, marra e marra” que o exame final está aí a explodir!

Eu encontro-me na terceira fase e acreditem que os hospitais são locais apinhados de histórias que valem a pena serem contadas e pessoas que valem a pena serem “partilhadas” (e não se preocupem, esses dias chegarão). 

Hoje vou falar-vos de um curso que todos os projectos fazem a partir do terceiro ano, a par do curso de medicina. Curiosos? Chama-se “Engenharia de segurar paredes e passar despercebido”. Para isto contribuem claramente os médicos que nos são atribuídos (uma espécie de tutores). Se alguns desvalorizam este curso e querem mesmo é ensinar-nos medicina, já outros ouvem estações de rádio diferentes das nossas e que antecipam terramotos gravíssimos para a cidade de Lisboa. Ora, se se aproxima uma “calamidade” é claro que os projectos estão prontos a intervir, segurando tão bem mas tão bem as paredes que, e eu acredito que os terramotos acontecem, as paredes nunca caem! Eu ainda só vou a meio do bacharelato mas alguns dos meus colegas concluíram já o seu doutoramento nesta arte de segurar paredes. Nos breves momentos em que protegi o hospital do perigo eminente de derrocada, dei por mim a reflectir sobre a cor das batas dos médicos. Porquê branco? Se pesquisarmos um bocadinho sobre essa cor (obrigado wiki, estás sempre lá quando preciso), verificamos que branco é “sinónimo” de “paz, calma, ordem, limpeza, energias positivas”. Será por isso que foi a cor eleita? Nos meus períodos de reflexão concluí que não… há uma explicação muito mais racional:
       - as paredes da maioria dos hospitais são brancas
       - as batas dos projectos são brancas
       - as paredes e as batas “fundem-se” e é um acto “camaliónico” perfeito! Mais despercebidos é impossível!




Quando cheguei ao bloco operatório do Hospital Egas Moniz o meu sorriso ia da orelha direita à contra lateral. Então não é que as paredes dos corredores eram amarelas? Mas não! Era só uma pequena partida! Depressa vi um expositor com os belos factos cirúrgicos. 80% azuis e 20% amarelos, estando um papel na coluna dos últimos que dizia “estudantes”. Obrigado por não se esquecerem de nós!

MJ.

4 comentários:

  1. Estamos sempre a aprender...
    Gostei da explicação, mas vai implicar mudar a côr das minhas batas (não quero passar desapercebido)... :)

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  2. Obrigado Sérgio.
    E não te preocupes... acho que só se aplica aos projectos :)

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  3. Olha, olha... a elite a "segurar paredes" e a discutir a cor das batas (lol)

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  4. José Luís Lopes: eu digo-te a elite...

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