Retomo hoje o tema das viagens, desta feita Lisboa passa a
ser o destino e não a origem. Pois bem, tenho que admitir desde já que a viagem
neste sentido me continua dar arrepios. Devem também saber que ainda faço
birras e fitas do género “Esta semana não vou, não vou e não vou!”, ao que
prontamente a minha irmã responde “mana, não sejas criança”. Passando a parte
em que vos conto o quão infantil consigo ser (e acreditem que há mais e pior!),
o post de hoje centra-se numa das mil viagens que a menina tem de fazer. Se há
quem aproveite as quatro horas e picos (não são três, nem duas) que dura a
jornada para assistir a filmes ou ler, o meu caso é bem diferente: durmo!
Concentrando-nos na minha viagem de ontem, estava eu sentada no meu lugar do autocarro a observar a minha progenitora e a “sua lágrima no canto do olho” do lado de fora, quando um indivíduo do sexo masculino assim para o “avantajado” me pergunta se se pode sentar. É claro que respondi que sim mas, meus caros leitores, fica aqui a dica: quando tiverem de se sentar ao lado de alguém no autocarro e tiverem várias hipóteses de escolha, procurem pessoas altas ou que estão a ler e nunca as de um metro e meio que se preparam para se deitar nos dois bancos (sim, porque cabem e ficam muito confortáveis)! Continuando, o indivíduo sentou-se todo pimpão e começou a falar ao telemóvel. Aqui a cachopa iniciou a preparação do terreno: casaco dobrado que nem uma almofada ortopédica, banco recostado e pernas esticadíssimas. Acabado o telefonema, o camarada decide ignorar completamente a dita preparação e inicia um longo monólogo sobre a sua vidinha. Podia ter corrido bem… mas estando a preparação iniciada não há como parar esta “máquina de dormir”! Quando acordei, já na Covilhã, ia pedir desculpa pela tremenda falta de educação mas o senhor nem se apercebeu que eu adormeci e apenas me disse que ia mudar de lugar porque gostava de ir à janela! Aproveitei logo para pôr em prática o meu plano inicial e foi um soninho maravilhoso até se acenderem as luzes no Fundão.
Ainda só com um olho aberto, "semi-vejo" uma senhora do lado de fora. Vinha ela nas escadas e eu já só pensava “vá, sente-se lá no
lugar ao lado do meu”. Foi um feeling!
Depois de despir o casacão, tirar o gorro, o colete e sei lá mais o quê,
iniciámos uma longa conversa sobre a vida dela, contrapondo os seus olivais à
vida cosmopolita de uma reformada em Lisboa. Concluiu que os filhos, os netos,
o aquecimento central da casa da Pontinha e os cinco minutos que a separam do
hospital vencem o frio, o azeite biológico e o sotaque que entretanto perdeu. Claro que aquelas habituais palavrinhas, qual porteiro de discoteca, também estiveram presentes... "Vinte e um anos? Tem a certeza? Tem uma carinha que parece uma criança". A
meio da conversa tive que jantar e também que passar os “olhos pelas brasas”,
mas a senhora não levou a mal, dizendo “ai querida, parece um anjo quando
dorme”. Só esta citação dava um novo post sobre a iluminação dos autocarros ou
os problemas de visão dos idosos… aqui a “querida” não é nada angelical a
dormir porque está quase sempre de boca aberta! Ainda tivemos tempo para falar
de mim, dos meus avós, da gastronomia da beira alta… e quando o assunto faltava
ela perguntava “Mas chegamos a Lisboa a que horas?”. Chegadas ao destino, foi
hora da querida
e da amiga da Pontinha trocarem dois pares de beijos (o primeiro par antes de tirarmos as malas e o segundo “para o caminho”) e ainda números de telemóvel, não vá eu precisar de a contactar um dia!
e da amiga da Pontinha trocarem dois pares de beijos (o primeiro par antes de tirarmos as malas e o segundo “para o caminho”) e ainda números de telemóvel, não vá eu precisar de a contactar um dia!
Adorei a viagem! As crianças até que podem ser o melhor do
mundo, mas logo a seguir estão estas senhoras maravilhosas que podiam ser avós
de toda a gente, contar as suas histórias de vida a toda a gente e dar
beijinhos a toda a gente! E estas senhoras devem ser “desfrutadas” agora porque
chamar querida, cumprimentar e trocar números com desconhecidos tem os dias
contados! E com este momento efémero mas verdadeiro vos deixo!
MJ.
Um relato emocionante de um ritual que para muitos se torna banal... Gostei da máquina de dormir e da preparação cirúrgica, e claro, da problemática da iluminação e visão dos idosos...lol. Mas acredito que estejas a ser mazinha contigo, pois os idosos e as crianças são bons avaliadores de carácter...
ResponderExcluirSérgio Soares
Ja vis-te? Até da França, lemos os teus artigos! éhéh Continua primita, gosto muito do teu "style" de esscrever e sobre tudo adoro saber como se passa essa vidinha por là ! Um beijinho grande, d'uma das tuas primas que nao veio infelizmente o verao passado ai !
ResponderExcluirAdivinhas quem sou? :)
Boa continuaçao, e beijinhos para vocês ai.
Olá! Que bom o meu blog ter chegado até vocês! Espero que continuem a ler! Das minhas mil primas eu diria que és a Christelle ou a Mariline! Acertei? beijinhos**
ResponderExcluirChristelle minha querida ! ;)
ResponderExcluirAdorei o artigo de hoje (todos os caminhos vao dar a dança !) Quem nao passo por esta situaçao? lolé ! Um beijinho de boa noite