29 de novembro de 2011

É para o lado que durmo… melhor, pior ou assim assim!


Retomo hoje o tema das viagens, desta feita Lisboa passa a ser o destino e não a origem. Pois bem, tenho que admitir desde já que a viagem neste sentido me continua dar arrepios. Devem também saber que ainda faço birras e fitas do género “Esta semana não vou, não vou e não vou!”, ao que prontamente a minha irmã responde “mana, não sejas criança”. Passando a parte em que vos conto o quão infantil consigo ser (e acreditem que há mais e pior!), o post de hoje centra-se numa das mil viagens que a menina tem de fazer. Se há quem aproveite as quatro horas e picos (não são três, nem duas) que dura a jornada para assistir a filmes ou ler, o meu caso é bem diferente: durmo!

Concentrando-nos na minha viagem de ontem, estava eu sentada no meu lugar do autocarro a observar a minha progenitora e a “sua lágrima no canto do olho” do lado de fora, quando um indivíduo do sexo masculino assim para o “avantajado” me pergunta se se pode sentar. É claro que respondi que sim mas, meus caros leitores, fica aqui a dica: quando tiverem de se sentar ao lado de alguém no autocarro e tiverem várias hipóteses de escolha, procurem pessoas altas ou que estão a ler e nunca as de um metro e meio que se preparam para se deitar nos dois bancos (sim, porque cabem e ficam muito confortáveis)! Continuando, o indivíduo sentou-se todo pimpão e começou a falar ao telemóvel. Aqui a cachopa iniciou a preparação do terreno: casaco dobrado que nem uma almofada ortopédica, banco recostado e pernas esticadíssimas. Acabado o telefonema, o camarada decide ignorar completamente a dita preparação e inicia um longo monólogo sobre a sua vidinha. Podia ter corrido bem… mas estando a preparação iniciada não há como parar esta “máquina de dormir”! Quando acordei, já na Covilhã, ia pedir desculpa pela tremenda falta de educação mas o senhor nem se apercebeu que eu adormeci e apenas me disse que ia mudar de lugar porque gostava de ir à janela! Aproveitei logo para pôr em prática o meu plano inicial e foi um soninho maravilhoso até se acenderem as luzes no Fundão.



Ainda só com um olho aberto, "semi-vejo" uma senhora do lado de fora. Vinha ela nas escadas e eu já só pensava “vá, sente-se lá no lugar ao lado do meu”. Foi um feeling! Depois de despir o casacão, tirar o gorro, o colete e sei lá mais o quê, iniciámos uma longa conversa sobre a vida dela, contrapondo os seus olivais à vida cosmopolita de uma reformada em Lisboa. Concluiu que os filhos, os netos, o aquecimento central da casa da Pontinha e os cinco minutos que a separam do hospital vencem o frio, o azeite biológico e o sotaque que entretanto perdeu. Claro que aquelas habituais palavrinhas, qual porteiro de discoteca, também estiveram presentes... "Vinte e um anos? Tem a certeza? Tem uma carinha que parece uma criança". A meio da conversa tive que jantar e também que passar os “olhos pelas brasas”, mas a senhora não levou a mal, dizendo “ai querida, parece um anjo quando dorme”. Só esta citação dava um novo post sobre a iluminação dos autocarros ou os problemas de visão dos idosos… aqui a “querida” não é nada angelical a dormir porque está quase sempre de boca aberta! Ainda tivemos tempo para falar de mim, dos meus avós, da gastronomia da beira alta… e quando o assunto faltava ela perguntava “Mas chegamos a Lisboa a que horas?”. Chegadas ao destino, foi hora da querida
e da amiga da Pontinha trocarem dois pares de beijos (o primeiro par antes de tirarmos as malas e o segundo “para o caminho”) e ainda números de telemóvel, não vá eu precisar de a contactar um dia!

Adorei a viagem! As crianças até que podem ser o melhor do mundo, mas logo a seguir estão estas senhoras maravilhosas que podiam ser avós de toda a gente, contar as suas histórias de vida a toda a gente e dar beijinhos a toda a gente! E estas senhoras devem ser “desfrutadas” agora porque chamar querida, cumprimentar e trocar números com desconhecidos tem os dias contados! E com este momento efémero mas verdadeiro vos deixo!

MJ.

4 comentários:

  1. Um relato emocionante de um ritual que para muitos se torna banal... Gostei da máquina de dormir e da preparação cirúrgica, e claro, da problemática da iluminação e visão dos idosos...lol. Mas acredito que estejas a ser mazinha contigo, pois os idosos e as crianças são bons avaliadores de carácter...

    Sérgio Soares

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  2. Ja vis-te? Até da França, lemos os teus artigos! éhéh Continua primita, gosto muito do teu "style" de esscrever e sobre tudo adoro saber como se passa essa vidinha por là ! Um beijinho grande, d'uma das tuas primas que nao veio infelizmente o verao passado ai !
    Adivinhas quem sou? :)
    Boa continuaçao, e beijinhos para vocês ai.

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  3. Olá! Que bom o meu blog ter chegado até vocês! Espero que continuem a ler! Das minhas mil primas eu diria que és a Christelle ou a Mariline! Acertei? beijinhos**

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  4. Christelle minha querida ! ;)
    Adorei o artigo de hoje (todos os caminhos vao dar a dança !) Quem nao passo por esta situaçao? lolé ! Um beijinho de boa noite

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