22 de abril de 2012

A revolução dos... "trapos" e sapatos!


Se há uns anos me perguntassem "pequena MJ, o que pensas sobre a indumentária ser adequada ao local de trabalho?”, eu prontamente responderia “Um perfeito disparate! Para o hospital irei eu, uma t-shirt e umas all stars (ainda que todas fanadas) ”. Se repetirem a pergunta hoje a resposta será, necessariamente, diferente. Se podem pensar “Olha-me esta, armada em snob!”… poder, de facto, podem, mas deixem-me explicar antes de carregarem na cruzinha do canto superior direito. Imaginem, num dia corriqueiro (daqueles com nuvenzinhas no céu, temperatura amena, passarinhos a cantar e em que, das duas uma, ou governo decide cortar aqui ou ali, ou sobe a gasolina, o gasóleo ou até mesmo ambos)… inspira, expira, volta a inspirar… estão todos no cenário? Prosseguindo… num desses dias, têm que ir ao banco negociar um empréstimo, perceber porque é que têm menos "x" na conta ou recuperar uma password perdida. Entram e aparece o vosso gestor de conta exibindo uma t-shirt da Sagres, calções de banho às florzinhas e Havaianas nos pés (a publicidade é absolutamente fundamental para tornar a coisa realista). Tratam dos vossos assuntos e dirigem-se ao café mais próximo onde, rapidamente, aparece um empregado de mesa de fato impecavelmente engomado, gravatinha e sapatinho de verniz. Na televisão surge um ministro, de fato-macaco (tipo mecânico, não literalmente de macaco, mentes terriveis!), anunciando uma medida benéfica, não se sabe bem é para quem. Porque o garçon é desastrado, entorna o chá a escaldar sobre vós, vão até ao hospital e, a enfermeira da triagem, aparece de botas de biqueira-de-aço (e atenção que eu já fui menina de usar o dito calçado), calças esburacadas e dez piercings em cada orelha. Se são menos profissionais por isto (o rapaz do café não conta)? Não. Se o seu trabalho é prejudicado pela vestimenta que ostentam? Provavelmente não. Se temos clientes, doentes, alunos, cidadãos, etc., igualmente satisfeitos, confiantes nas capacidades e prestação de serviço? Pois… a meu ver também não. (há estudos sobre a "coisa" que o confirmam!)


Agora, qual progenitor preparado para deixar o rebento fazer qualquer coisa que ele quer muito, vem o mas. Pois, está tudo muito bem e a roupita até desempenha, a meu ver, um papel importante MAS, debrucemo-nos sobre o novo regulamento, recentemente aprovado, de um certo hospital, mais particularmente na parte referente ao “Fardamento e regras de conduta dos colaboradores” onde podemos ler: “assistentes técnicos, assistentes operacionais, enfermeiros e técnicos do sexo masculino têm de usar sapatos clássicos pretos ou azuis-escuros, cinto azul-escuro ou preto (de acordo com os sapatos) e meias azuis-escuras lisas ou pretas lisas”. Não é por mim, que até gosto de coisinhas a combinar, agora, homens deste hospital, de “barba rija e pêlos no peito”, prontinhos para todas estas preocupações estéticas (já para não falar que a barba, ainda que rija, tem de estar aparada!)? Não contentes, e porque o sexo feminino tinha que estar, também, metido ao barulho:  “as meias de vidro devem ser da cor da pele (nem muito claras nem muito escuras), lisas, sem redes ou fantasias”. E, se no inverno estiver frio, podem usar um “colanzinho” de lã? No mesmo documento são também abolidos pastilhas elásticas, óculos de sol, camisas para fora das calças, calças sem cintos, sapatos com saltos superiores a quatro centímetros (será que haverá excepções… tipo pessoas com um metro e meio?) e outras coisas que tais. Certo é que se trata de um hospital gerido por uma sociedade privada. Certo é, também, que não deixa de ser um hospital público onde trabalham pessoas e não robôs! Certo é que, o dito regulamento, tem algumas medidas positivas relacionadas com as unhas femininas no que concerne à propagação de infecções. Agora, o que é que um sapatinho castanho tem a ver com o caso? Desde quando é que um “gancho de bijutaria” (seja lá o que isso for), prejudica o desempenho de alguém? Há o oito e o oitenta. Há a liberdade individual e a imposição injustificada. Há o fulcral e o ridículo.  

MJ.

4 comentários:

  1. Em primeiro lugar, no meu caso a cruzinha é no canto superior esquerdo...lol
    Em algumas profissões a questão da roupa ou farda é fundamental, mas em outras é irrelevante. No caso dos médicos a roupa com que andam fora do hospital é irrelevante e de acordo com os gostos de cada um. No hospital geralmente têm uma bata ou algum tipo de uniforme que os identifica e devia ser confortável e seguir as regras de higiene e controlo de infecções cruzadas. Quanto aos sapatos e cintos e afins acho que abolir o vermelho benfica é crime...
    Realmente às vezes chega a ser ridículo...
    Boa luta... Beijinho

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  2. olá MJ...tb ouvi a noticia e fiquei deveras preocupada...acho que um dia destes, e se a moda pegar, hão-de escalar alguem diariamente pra nos corrigir o vestuário pro trabalho ou então despedem-nos por desobediência!!! Não sei onde isto vai parar mas se a moda pegar prepara-te...e é se queres trabalhar!!!! gostei do teu tx! bjs :)

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  3. Sérgio: Eu bem "luto"... mas por muito que não goste, que discorde com imposições infundadas, de pouco me serve ou servirá!

    "Tia anónima": sim, eu acho que vão criar um novo curso- "Estilista Hospitalar"! Só queria era que me fossem avisando da cor, tamanho, tecido e todas as características das roupas que posso usar para não investir no "trapo" errado! Bj*

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  4. Um comentário telegráfico: ainda bem que eu sou professor de educação física!!! Sofremos um bocado (frio, odores, etc) mas, pelo menos por enquanto, ainda andamos de sapatilhas, calças de treino e uma camisolita... ou mais! Tudo limpinho e a cheirar bem, claro! Este é o país dos extremos, até nas indumentárias do pessoal daquele hospital (?).

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